O Mal de Alzheimer é uma neuropatologia relativamente rara, é mais recorrente em indivíduos de idade mais avançada, mas pode ser observada, em alguns casos, a partir dos 40 anos. Os sintomas mais comumente observados são: perda gradual da memória (principalmente a mais recente), dificuldade no aprendizado, diminuição do senso crítico, desorientação têmporo-espacial e consequente mudança na personalidade.
Bem, isso são os parâmetros gerais e superficiais da doença. Eu convivi com o Alzheimer e senti cada um desses sintomas surgirem em uma das pessoas que eu mais amei na vida, a minha avó. Nossa família começou a notar que havia algo errado quando ela esqueceu o aniversário da minha mãe, a partir daí uma série de acontecimentos corriqueiros foram acontecendo, nomes eram trocados, consultas eram esquecidas, até que ela parou de tomar os remédios corretamente. Minha avó que sempre foi extremamente independente parecia estar se tornando uma criança, ela esquecia que havia acabado de comer, o que era um problema sério já que ela era diabética, ela caminhava e esquecia que havia caminhado, passou a comer doces escondida, fugia de casa e não sabia como voltar, perdia a paciência com as pessoas na rua e as agredia, às vezes parecia estar em outra época, acabamos por contratar alguém pra trabalhar na casa dela, pois ela não aceitava a idéia de se mudar para nossa casa. Vale à pena salientar que havia, também, muitos momentos de lucidez e que mesmo enquanto estava perdida na doença, o carinho pela família permanecia inabalado e mesmo com a doença ela foi fonte de alegria para nós por vários anos.
O Mal de Alzheimer não tem cura, mas com o tratamento adequado é possível retardar a progressão da doença, existem casos onde a pessoa torna-se completamente dependente em pouco tempo, nós corremos atrás de todo tipo de tratamento disponível e a doença progrediu mais lentamente, minha avó faleceu uns seis anos após os primeiros sinais aparecerem, ela ainda estava bem lúcida e a morte dela ocorreu devido à uma parada cardiorrespiratória sem nenhuma relação com o Mal de Alzheimer.
Nós queremos, através deste blog, compartilhar nossas histórias relacionando-as com os fenômenos bioquímicos e fisiológicos relacionados à doença e suas consequências.
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